sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Amar... e sofrer... e voltar a amar...


"E amar, o que te faz? Não cresces, o amor não cria apenas mágoa e ódio; dá-te a certeza que podes amar, dá-te a certeza que podes amar melhor. Tu podes ter a certeza de uma guerra, tu podes explicá-la, dissecá-la como se tratasse de pura matemática, pois é algo que te passa pela a razão. Agora explica-me o que te levou a amar, as vezes que amaste? Não as que achas que amaste, mas sim aquelas que tiveste a certeza, as que te fizeram levantar os pés do chão como um dervixe, onde a tua mente entra no quarto de uma criança e tudo é luz ao sorriso da brincadeira. A solidão o que ensina é apenas a solidão, algo que está no limite da nossa compreensão, não nos aperfeiçoa, talvez melhore, mas não passa de um lugar frio como um grande átrio de entrada aonde se aguarda a indecisão do lamento, e o alento de um passo que nunca seja falso, pois é uma esperança de calor que nos move e impulsiona. O que te move hoje é esperança de seres alguém melhor, procuras as lacunas num falhanço que não foi apenas teu, procuras culpados para a morte de uma história que em tempos foi feliz. O sofrimento é aquele lugar frio que nos torna invisiveis, aonde procuramos a vivência inimitável de algo que não progrediu, mas levou-nos mais além.
O que te move é esperança de voltar a amar, o risco, a compreensão de algo que não pode ser compreendido apenas vivido. Porque um sentimento tão forte nunca pode ser vazio, por mais que não queiras, vive-se como não houvesse amanhã, e é nesses novos sorrisos e desejos que são conquistados todos os segundos que respira a saudade, a maturidade, a liberdade, e o perfume que mantêm a paixão. Amar-te não é esperar que voltes ao que eras, mas sim, que voltes melhor; é tentar que as tuas lágrimas sejam sempre de alegria, mas sempre genuínas, como se alimentassem a alma; é ouvir-te com a alma sem necessidade de compreender; é querer respirar-te todos os segundos por seres aquela brisa que enche todos os meus dias como se fossem manhãs de maio apenas no brilho do teu olhar...
"Não importa o quão alta é a montanha, mas sim, a forma como a desces."


Isabel Allende

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