sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Ao pequeno-almoço...

Todos os dias de manhã atravesso a cidade de Santarém para tomar o pequeno almoço... sim, sou um bocadinho preguiçosa e confesso que detesto comer sozinha.
Todos os dias tenho uma agradável companhia, uma senhora com os seus 70 anos que se senta na minha mesa.
Quando chego e ela já lá está, abre-me um sorriso do tamanho da sua simpatia e chama-me: "venha para aqui menina, sente-se aqui ao pé de mim".
As conversas são ligeiras, entre um gole de café e uma dentada no pão, lá se vai falando do tempo, das situações que se vão passando por terras ribatejanas, de tudo e de nada.
A conversa acaba sempre por ir ter ao plano afectivo. Curiosa já me perguntou se era casada, se tinha namorado, enfim, coisas que as pessoas gostam sempre de saber.
Mas, é quando ela fala do falecido marido que se me parte o coração.
Nunca vi ninguém falar de alguém assim, com uma ternura nos olhos, que se converte em lágrimas, retidas talvez pela vergonha.
Todos os dias ela me diz: "ele era tão meu amigo menina, era tão boa pessoa, e agora estou sozinha numa casa tão grande".
Confesso que fico com o coração apertado porque sinto a emoção nas suas palavras e deixo-a falar... se eu não disser nada, ela lá me vai contando o que fez com o seu marido, as viagens ao norte que tanto gostou, os finais de dia numa casa dantes povoada por mais que uma só voz...
"Há oito anos, diz-me ela, que o meu marido se foi... e custa muito menina, pois ele era tão bom homem, tão bom marido, tão bom pai, tão meu amigo."

Saio de lá com votos de um bom dia de trabalho ou bom fim-de-semana acompanhado de um sorriso no rosto, mas... a solidão, essa, fica com ela...

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