
Sim essa é a palavra certa para descrever como me sinto hoje...
E este sentimento é partilhado pela colega de gabinete, pelo que...
vamos consumir calorias!
Fecho os olhos e tento ignorar…
Olho de outra perspectiva, chamo a razão a mim esquecendo que a razão não tem lugar nem espaço para se acomodar, tamanho é o nó que entrou sem convite e se alimenta dos meus sentidos deixando-me inerte…
Rendo-me e deixo que se espalhe, permito que tome conta de mim até à exaustão…
Sinto o salgado a emoldurar o rosto, os batimentos descompassados a ocupar o peito…
Respiro calmamente… as pinceladas de dor vão diminuindo a cada novo fôlego…
Sossego ao som do pesado e lento respirar que se encontra novamente comigo e me embala…
Chega a serenidade…
quando acordo de manhã e a primeira coisa que vejo é o teu rosto, o teu sorriso a abrir-se para mim daquela forma que só tu sabes… dos teus braços a procurarem o meu corpo, a enrolarem-se em mim e de te ouvir dizer no meu ouvido “bom dia”…
quando saio de banho e não me estás a apressar porque já estás pronto para sair e eu ainda vou pentear-me, maquilhar-me, calçar-me, colocar o lenço e o resto dos acessórios…
quando passeio pela rua à hora de almoço e não sinto o teu olhar à procura do meu, a tua mão entrelaçada na minha, o teu respirar ali bem perto…
quando chego a casa e a esta não respira da tua boa disposição, as paredes não ressoam as tuas palavras, a tua boca não chama por mim…
quando me deito e não estás lá para me aconchegar a roupa junto ao meu corpo, não falamos do que se passou nesse dia, não rimos com as coisas mais parvas que nos foram acontecendo…
quando não adormeço embalada nos teus braços, no calor do teu corpo, no sabor do teu beijo e no bater do meu coração junto ao teu…
Lembro-me perfeitamente do meu estado de alma há um ano atrás.
Lembro-me de não ter desejado nada para mim quando comi as passas, de ouvir os votos de bom ano, sentir os abraços dos amigos e isso não chegar para aquecer o meu coração.
Lembro-me de me sentir perdida… a viver a realização profissional que tanto sonhei, mas a carregar um vazio inexplicável cá dentro…
Precisava de me encontrar, precisava de me conhecer, precisava de me descobrir.
E o ano que passou foi o ano de aprender a viver de novo, com uma nova alma, com um novo espírito, com um novo conhecimento de mim mesma, de quem sou, de como sou, do que quero, do que não quero e até onde posso ir… de enumerar os meus desejos, os meus projectos sem vacilar e de saber como os concretizar…
Foi o ano de fortalecer amizades, estreitar laços e criar mais alguns…
Foi o ano de encontrar o amor novamente… esse que andava perdido dentro do meu peito e que finalmente encontrou a quem se dar, a quem se mostrar, com quem se partilhar e que me tem feito sorrir todos os dias…
Desta feita, a entrada no novo ano trazia um brilho nos olhos, um calor no coração e uma alegria imensa a sorrir na minha alma por estar rodeada daqueles que amo e com quem me sinto amada…
E foi apenas a continuação deste estado de alma que desejei na hora das doze badaladas…