Estou numa fase que nem sei o que sinto, nem sei se sinto… assintomática, acho quer é a palavra.
A minha mente vagueia pelo vazio em que se encontra a minha alma.
Já passou a dor causada por cada experiência, sonho, ilusão, emoção, nem sei bem o que foi, pois tantas vezes caí que nem consigo caracterizar de forma fidedigna tais situações.
Passo os dias com vontade de coisa nenhuma, faço um esforço para ser simpática, afável, um esforço para conversar, sorrir, estar presente, dar a mão…
Quem me dera chorar, significaria, ao menos, que estaria qualquer coisa cá dentro, mas nem isso.
É um vazio imenso, um cepticismo cinzento, tal e qual a cor das nuvens estes dias em que a chuva tem ameaçado cair mas não cai, fica lá em cima, suspensa.
É neste ambiente que me movo estes dias, que me obrigo a mover, mas confesso que ando à velocidade do caracol e, tal como ele, carrego nas costas toda a minha história, toda a carga da minha existência, com tudo o que isso (possa) significa(r).
Sentimento tão estranho como este nunca antes conheci.
Momentos vivi em que o passado não me saía do pensamento, com ele acordava e adormecia; alturas houveram em que pelo futuro e o que ele me poderia trazer, sonhei e desejei.
Já não vivo assim, melancólica pelo passado e ansiosa pelo futuro…
O que é certo é que não consigo ver nada para além do aqui e agora…
Amanhã?.. não sei… está tudo cinzento, nem preto nem branco. O arco-íris, esse também não me tem vindo visitar, começo a pensar que é mesmo ilusão de óptica.
Teimo em pensar, porque assim acredito, que todas as fases foram, são e serão necessárias para o nosso enriquecimento pessoal, mas estes momentos em que nada é tudo o que temos, há a tendência para retornar à idade dos porquês, para quê, onde isto me vai levar?
Deixar fluir, deixar sentir foi-me dito e fui interiorizando, fui disto fazendo uma forma de estar e orientar a minha vida e é certo que muito mudou… mas, neste vazio, nesta apatia que teima em ficar para jantar e de manhã se auto-convida para me acompanhar durante o dia, nem sei bem o que deixar fluir…